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Maracanã, Neymar e como o futebol nos faz idiotas

Pensem comigo: o que há de tão importante em uma bola de couro entrar em uma rede presa em um aro quadrado de ferro? Em que isso traz dignidade e prosperidade ao país?

Nesta semana, dois acontecimentos considerados importantes para quem curte futebol marcaram as notícias, com direito a muita bajulação, martelando as mentes dos telespectadores de todo o país: a venda de Neymar para o Barcelona e a reinauguração do Maracanã, símbolo maior do futebol brasileiro, além da Seleção Amarelão.

Neymar relutou em sair do Santos. Nem o seu time era favorável a sua saída. Mas os patrocinadores do bajulado jogador entenderam que seria bom uma experiência no exterior para que completar a construção de sua imagem de "herói máximo da nação". Convém lembrar que Neymar é o primeiro jogador totalmente fabricado pela mídia, com os objetivos de atrair cada vez mais do garantido dinheiro que o futebol tem condições de gerar. Neymar é o que os ingleses chamam de hype, hipérbole, melhor do que realmente é.

O Maracanã quase não fica pronto a tempo. Com o desejo de incluir o mesmo na Copa das Confederações, apressou-se a sua construção, foi feita uma licitação fajuta que favoreceu o homem mais rico do país, o playboy Eike Batista (curiosamente um dos patrocinadores de Neymar) e amigo do Governador do Estado e do Prefeito do Rio. Tudo em família.

A justiça exigiu laudos que pudessem provar a segurança total do estádio. Mas não houve, além de um laudo meio frouxo que não provava nada. mas como o jogo era mais importante que a vida dos próprios torcedores, o estádio foi liberado mesmo assim, após muita polêmica.

E nada aconteceu, já que na ocasião, jogava a "seleção", o grupo de pessoas mais sortudo do Brasil. A sorte dos jogadores que jogam pela "seleção" é tradicional e evidente. Nada da errado para eles. Como se a gigantesca popularidade da "seleção", adorada por quase toda a população, gerasse uma energia que os protege de qualquer dano. Se o "Maraca" cair, provavelmente será num show de rock. Lamentável.

Esses dois episódios foram encarados com muita seriedade e assiduidade por quase toda a imprensa, como se estes fatos, realmente ligados a uma mera forma de lazer, pudesse trazer dignidade, prosperidade e melhorar a vida da população, cada vez mais iludida e infantilizada, refém de seus próprios ídolos.

Se bem que a real importância disso tudo só saberemos após o encerramento da copa, no fechar das cortinas. Aí sim vamos perceber o verdadeiro motivo que levou a essa pataquada toda.

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