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Porque tem tantos jogadores direitistas? E porque a esquerda ainda curte o mais capitalista dos esportes?

Nossa esquerda é fraca. Um dos sinais de sua fraqueza é que ela se deixa seduzir facilmente, nos assuntos de lazer e cultura, pelas armadilhas montadas pela direita, interessada em aumentar a quantidade de consumidores para seus produtos e com isso, agigantar seus gananciosos lucros.

O futebol, nossa opção de lazer com maior aceitação social, é um grande exemplo do rendimento das esquerdas ao canto de sereia direitista. As esquerdas frequentemente ignoram que há direitistas que adoram o futebol, o mais capitalista dos esportes e que faz girar um volume gigantesco de dinheiro, enriquecendo cartolas, jogadores, patrocinadores e qualquer um que se envolva na gestão do mesmo.

Não é de se surpreender que garotos vindos das favelas, que enriqueceram da noite para o dia graças a uma simples forma de diversão, sem esforço intelectual, passem a acreditar na Meritocracia, ideologia básica da direita, e começar a esnobar as classes à que pertenceram um dia.

Praticamente todos os jogadores viraram seguidores da ideologias de direita. Apenas um e outro, com consciência social - e claro, com neurônios um pouco mais ativos - resolve aderir à ideais progressista defendidos pelas esquerdas. Mas de regra, jogadores de futebol tendem a cair para a direita, pois após enriquecerem, perderam a consciência de classe, iludidos pelo mundo de Cinderela construído ao  seu redor.

Mesmo assim isso parece coerente a um esporte que, pelas suas características, é tipicamente capitalista. Não há nada de humanitário ou humilde em um esporte que se pretende ser hegemônico. É ilusão querer tirar do futebol o glamour que somente o Capitalismo pode garantir. Mas as esquerdas ingenuas, num cabo de guerra contra as direitas, desejam tirar o futebol do Capitalismo fada-madrinha que o sustenta. Para quê, para retornar às lamacentas várzeas?

A esquerda entra em contradição ao desejar para o futebol a pureza cândida que poderia ser resultante do rompimento com cartolas e patrocinadores. Mal sabem as esquerdas que toda a magia do futebol é postiça e sem o poder de cartolas e corporações, o futebol perde o encanto e consequentemente a popularidade que o faz hegemônico.

O ideal é que as esquerdas se rendessem ao canto de sereia e assim como fazem com os meios midiáticos (ah, a grade mídia quer que a esquerda gosta de futebol!), fazer também com o esporte, exigindo um esporte mais alternativo, menos usurpado pelo Capitalismo. Um esporte que pudesse manter sua essência longe da ganância de plutocratas.

É uma tolice querer se apegar ao futebol como "nossa identidade" como quem insiste em usar uma chupeta em idade mais avançada. Até porque se identidade fosse rigorosamente levada a sério, ainda estaríamos vestidos como indígenas e falando tupi-guarani. Ou seja, podemos sim, mudar de esporte favorito sem prejudicar a nossa dignidade como nação.

Enquanto as esquerdas estiverem reféns do futebol, encantadas com o canto de sereia de algo supostamente unânime, elas serão facilmente engolidas por golpes e priorização futilidades (bom trocadilho) que perpetuarão as injustiças sociais no Brasil, fazendo com que os jogadores, após o sucesso conquistado, vomitem nos pratos em que comiam nos tempos de relativa miséria.

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