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Pais ensinam aos filhos o "valor" do futebol. Ensinar a pensar, nem pensar!

E muito comum que pais usem os filhos como "espelho" de suas próprias ilusões. Fazer filhos é fácil, mas criá-los é difícil. Educá-los é mais difícil ainda e para muitos pais, "educar" e na verdade transferir os valores em que acreditam para os cérebros em formação dos pobres inocentes. Valores certos, mas valores errados também.

Brasileiros adultos também costumam ser bastante ingênuos. Construíram seu acervo de convicções com base na fé e não na razão. A mídia e as regras sociais, por meio de indivíduos socialmente prestigiados, lhes deu todas as ideias devidamente "mastigadas" para que a população apenas absorva e ponha em prática. Muitas vezes são ideias pessoais de quem as lança e muitas vezes opostas aquilo que a lógica e o bom senso conseguem provar.

E são esses valores aprendidos através da mídia e das tradições sociais, adquiridos sem qualquer tipo de verificação, que os pais transferem aos filhos como desculpa de que "estão educando". São na verdade erros que são passados adiante, de geração a geração. Não é de surpreender ver problemas seculares durando até hoje. Com ideias erradas sobrevivendo gerações, é lógico que as consequências dessas ideias erradas sejam mantidas décadas e até séculos.

Brasileiros são um povo que até agora não sabe como resolver seus problemas cotidianos. E como não sabe, prefere fugir deles através de ilusões. Religião, drogas, lazer fútil e principalmente futebol, fazem parte desse conjunto de "abrigos" feitos para aqueles que se recusam, por não querer, por não saber ou até por medo mesmo, a enfrentar os verdadeiros desafios do cotidiano que não se resumem a ir ao trabalho todos os dias para fazer as vontades de chefes mau humorados.

O futebol, a maior dessas fugas, é muito usado, sobretudo pelos pais na hora e transmitirem suas ilusões e frustrações para os seus filhos, pensando que estão os educando. Um site brasileiro de celebridades mostrou uma apresentadora, mulher de um apresentador conhecido pelo seu nariz proeminente (e de grande influencia social), vestindo seus filhos com os cores do uniforme da "seleção". Interessante lembrar que para os pais que cometem esse erro (lazer não se impõe), eles estão "educando" seus filhos. Com isso nada muda.

E o mais interessante ainda e ver os mesmos pais se recusando a ensinar seus filhos a pensar. Se não bastasse o fato de ensinar o "futebol" ser algo bem  supérfluo, os pais cometem o agressivo equivoco de obrigar seus filhos a terem o mesmo gosto pelo lazer. Ao invés de esperar o interesse se manifestar em seus filhos, preferem impor seus gostos pessoais aos pequenos, acreditando que "não estão fazendo mal algum". Mesmo não sendo um mal aparente (a noção de bem e mal dos brasileiros é estereotipada), essa imposição pode gerar danos graves aos filhos, que só são perceptíveis por quem sofre e por quem tem o discernimento bem desenvolvido.

Mas não se vê o mesmo empenho dos pais na hora de ensiná-los a pensar e decidir, o que seria muito mais relevante em matéria de educação. Mas talvez para esses pais ensinar o filho a pensar fosse ruim: além do risco dos filhos se tornarem desobedientes, superarão os pais em intelecto, frustando ainda mais os pais, cheios de frustrações que os obrigam a viver encastelados em ilusões de todos os tipos.

Por isso mesmo é muito mais confortável ensinar seus filhos a gostar de futebol. Com isso ensinam aos seus filhos o "valor" da obediência cega, além de usá-los como executores das ilusões paternas, fazendo com que a cada geração a sociedade piore como um todo, se tornando incapaz de resolver  os problemas que só crescem a cada ano (lembrando que o desenvolvimento tecnológico nos traz novos tipos de problemas, ainda mais complexos). 

E dá-lhe mais ilusões como um confortável abrigo para os brasileiros fugirem desses problemas, criando um ciclo vicioso que nunca acaba.

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