Ninguém assume, mas futebol é um esporte popularesco. Nada de esporte cult, nada de esporte rock'n'roll e outras bobagens similares. Futebol é esporte de pobretão, analfabeto e otário, por causa de suas regras fáceis de serem entendidas e pela altíssima capacidade de estimular a explosão dos instintos. Se os ricos e inteligentes passaram a gostar de futebol, é apenas uma questão de escolha deles.
Visite um ambiente bem pobreta e veja se quase todos não curtem futebol. Claro que curtem. A prática mostra que quanto menor o nível intelectual e o acesso às informações, maior é a submissão a regras sociais. Modismos, religiões, futilidades sempre são mais bem recebidas pelos incautos e incultos. Isso é normal e faz parte da lógica.
Agora pesquisem quem se assume não gostar de futebol: normalmente gente intelectualizada, de decisão própria e que não tem medo de enfrentar a correnteza ideológica das multidões, se recusando a submeter a regras e sair a procura do que realmente lhes dá prazer, mesmo que uma multidão inteira passe longe.
E não pense que estou ofendendo quem é rico ou de graduação alta que gosta de futebol. É difícil assumir, mas na prática é assim. Os inteligentes e graduados que curtem futebol, podem até ser de fato inteligentes. Mas não tem a coragem de enfrentar uma regra social com medo de ficarem sozinhos.
O futebol se transforma numa espécie de gancho que mantém essas pessoas na inclusão social. Silenciosamente todos sabem que quem não curte futebol é excluído socialmente. Senão pessoas que normalmente não curtem não teriam um time na carteira de identidade e nem fariam papel de ridículos em tempos de copa.
Ídolos popularescos sempre arrumam um jeito de associar suas imagens ao futebol
Sabendo da popularidade unânime entre as classes menos abastadas e entre as pessoas de baixa escolaridade, os ídolos popularescos não hesitam em associar seus nomes ao futebol, na tentativa de agradar ainda mais as massas.
Pagodeiros, funqueiros, axezeiros, breganejos, além de gravar músicas que falem sobre futebol, fazem questão de posar com jogadores, usar camisas de times ou da "seleção" e atá cantar em eventos futebolísticos.
Claro que há muitos artistas de verdade que fazem isso. Afinal, vivemos numa sociedade em que é difundida ad nauseam a ideia troncha de que torcedor de futebol e brasileiro são sinônimos. Mas são os popularescos que transformam isso em regra e em alguns casos, razão de ser.
Ivete Sangalo, rainha máxima dos popularescos, foi a grande estrela que comemorou a conquista - fraudulenta - do pentacampeonato. Não sabemos exatamente quem cantará o hino da conquista do hexa, já que sendo no Brasil, a CBF fará de tudo para a "seleção" vencer, honestamente ou não. Afinal o futebol é uma novelinha. E uma boa novela tem que ter final feliz e musiquinha marcante.
O que se sabe é que o futebol é acima de tudo o esporte dos burros. Se há inteligentes que também curtem, são como forasteiros que se simpatizam com os nativos, participando de uma alegre troca afetiva. É uma maneira de ricos e inteligentes confraternizarem com aqueles que no resto do tempo, são desprezados por eles. É hipócrita, eu sei. Mas a hipocrisia, no Brasil, tem servido de excelente modo de diplomacia.
Que os inteligentes me desculpem, o futebol é esporte de burro. Mas como ninguém quer ser inteligente 24 horas por dia, há horas que muitos acham conveniente tirar o cérebro da cabeça e colocar em um copo d'água. pelo menos durante 90 minutos.
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