Brasileiro é povo infantil. E como toda criança, brinca de faz-de-conta, dando caráter de seriedade a muitas brincadeiras, já que não pode participar ativamente do mundo dos adultos. E como o Brasil nunca passou por uma guerra de verdade, toma-se os jogos da "seleção" como "batalhas", transformando a mesma em "exército" e os jogadores como "soldados". Para completar o velho cacoete de associar futebol a patriotismo. Um festival de bobagens muito levado a sério por quase todos.
O Jornal Nacional, como todos sabem, é o principal telejornal da Rede Globo, acionista de CBF e que por isso mesmo, sempre arruma um jeitinho de associar outros assuntos ao futebol, como na posse do ministro Joaquim Barbosa no STF e numa cena na novela Guerra dos Sexos. Forçar a barra para manter o fanatismo e a suposta unanimidade intactos.
O JN noticiou ontem a demissão do técnico Mano Menezes da "seleção". O tom da notícia foi excessivamente solene, de uma extrema seriedade, como se a qualidade de vida - ou até mesmo a sobrevivência - da população dependesse desta notícia. Foi inclusive anunciado logo no início, com um tom de gravidade que não combina com o futil futebol.
Agora a nação está em polvorosa, como se dissessem que o país está sem Presidente da República. Quem será o novo técnico? Quem será aquele que será o responsável pela "honra maior" (sic) de toda a população brasileira? Quem será o representante maior dos 200 milhões de "técnicos" (qualé?)? Muita seriedade embutida numa bobagem que há décadas e 5 títulos, não melhora nada em nosso país. Até piora, pois perpetua a alienação incessante que transforma essa mera brincadeira em "assunto de Estado".
Porque ao invés de se preocuparem com que será o novo técnico, não observemos a atuação de Joaquim Barbosa no STF? Aí sim, é um assunto que merece seriedade, pois o que será decidido no STF interfere, com muita certeza em nossas vidas. Fazer uma bolinha entrar em uma rede, não interfere em porra nenhuma. Enche os nossos sonhos pueris, mas travam a nossa sempre dura realidade. Sura porque não nos esforçamos para amolecê-la, preferindo se esconder na cerveja, na religião e principalmente no futebol, para fugirmos dos problemas que não queremos resolver, por preguiça, medo ou ignorância.
Seja lá quem for o novo técnico, tudo ficará na mesma. 11 analfabetos ganhado fortunas para correr atrás de uma bola e quase 200 milhões de otários esperando a redenção vir de um mero título, cujo troféu ficará trancado em uma sala fechada de uma confraria de "cartolas".
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